quarta-feira, novembro 29, 2006

O que é pior: ser surdo ou ouvir e não dar ouvidos?

O último texto escrito pelo Daniel (Consequências) me fez meditar sobre o que seria pior: ser surdo ou ouvir e não dar ouvidos? E com isso o Senhor me levou para outra passagem que está em I Reis, capítulo 13, porque tudo o que fazemos ou deixamos de fazer nessa vida gera algum tipo de conseqüência e que somos obrigados a arcar com seus resultados, com seus efeitos.

Essa passagem nos conta a triste história de um homem que podemos deduzir pelo contexto, conhecia a Deus, conseguia identificar a Sua voz, havia se colocado à disposição de Sua obra e que era muito corajoso. Por que digo isso? Porque a palavra diz que um dia chegou em Judá, mais precisamente em Betel um homem de Deus e que profetizou contra aquele altar conforme Sua determinação, o detalhe é que esse homem fez isso na presença de um rei, o rei Jeroboão. Quando lemos a Bíblia as vezes temos o péssimo ato de romantizar algumas situações, de interpreta-las como se fossem uma historinha para crianças, afastando-a do sentido real dos acontecimentos, como se fosse um filme, uma ficção. Isso é um grave erro, porque Deus é real, sua vontade é real, sua palavra verdadeira. Não nos enganemos.

Naquele tempo as pessoas não tinham fácil acesso à autoridades, elas também eram protegidas por uma guarda armada, as cerimônias nos templos não possuíam livre entrada, nada disso. Mesmo para o cerimonial daqueles que não serviam ao Deus de Israel o ingresso era restrito. Aquele homem chegou na cidade, dirigiu-se ao templo, anunciou quem era e qual o propósito de sua vinda (ordenança de Deus) e colocou-se diante da autoridade máxima o rei, que ali estava para queimar incenso.

Ora ele não se intimidou com isso, clamou contra o altar diante de todos profetizando não só a sua ruína mas também que aquele reino não era confirmado por Deus e que Seu Senhor já havia determinado aquele que faria a obra segundo a Sua vontade. Agora eu pergunto, qual autoridade ficaria impassível diante disso? Nenhuma. Aquele homem cujo nome a Bíblia não cita, ouviu a voz de Deus, teve a ousadia de pronunciá-la, o que lhe salvou a vida. O rei enfurecido estendeu sua mão ordenando para que os soldados o prendessem e no mesmo instante, porque aquele homem estava no centro da vontade de Seu Senhor, sua mão se secou e o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar, conforme o sinal que havia sido profetizado. Até aí tudo lindo e maravilhoso, qual crente não gosta de ver a mão de Deus pelejando a seu favor, de ver seus inimigos caindo por terra, de receber exaltação por parte do Senhor? Ainda não conheci nenhum.

Mas o problema está justamente aí, quando o homem e aqui falo da mulher também, vê a resposta imediata do céu corre o risco de achar como alguns dizem que “têm depósito”, meus amados irmãos sinto lhes informar que isso não existe! Com Deus não se vive de passado e nem de futuro, o presente é que conta, como está a nossa vida com Ele agora. Muitas vezes nos enganamos dizendo: “ah eu já orei, já jejuei, já busquei, já fiz o bastante naquele tempo ou naqueles dias”, ora, foi justamente por isso que você se manteve de pé, porque estava na presença do Senhor, mas não terá valor nenhum se deixarmos de orar, de buscar, obedecer a palavra agora.

Essa história nos mostra exatamente isso, quando o rei viu os sinais se cumprirem e sua mão seca temeu grandemente, suplicou ao homem que rogasse a Deus por sua vida, sendo restaurado. Em seguida fez uma oferta àquele servo: “ Vem comigo a minha casa, e conforta-te, e dar-te-ei uma recompensa.” O homem ainda estava atento, na posição, no centro da vontade de Seu Senhor: “Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão, nem beberia água neste lugar.Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comas pão, nem bebas água, nem voltes pelo caminho por onde vieste.”

Como o homem e a mulher são provados pelo louvor de seus lábios, que tristeza! Saindo dali, um profeta velho colocou-se diante dele e lhe disse que o Senhor havia revogado aquela ordem e ele creu, um erro de apenas um momento: um erro de julgamento. E que erro! Aquele servo titubeou, caiu no erro fatal de achar que a vontade de Deus para nossas vidas é temporária, passageira, que pode ser moldada segundo a nossa vontade ou adaptada segundo as circunstâncias. Ele não se manteve atento à primeira palavra, ao que o Senhor lhe ordenara, não buscou, não perguntou ao Senhor, quantos crentes caem nesse laço.

Ele perdeu sua vida por isso. Veio a sentença pela própria boca daquele que o enganara: “ Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à ordem do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te mandara, mas voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que te dissera: Não comas pão, nem bebas água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais.”

Apenas para aprimorar nosso conhecimento, segundo o dicionário da língua portuguesa, ouvir significa também “deferir aos rogos de (ceder à vontade alheia- no caso, a do Senhor), atender”.

Deus não se molda a nós, a nossa vontade, ao nosso querer, Sua palavra não é relativa, não pode ser interpretada segundo os nossos interesses. Nós é que devemos nos moldar, devemos ter vidas transformadas, devemos ter nossa vontade subjugada a Dele, pois Ele sabe o que é melhor para nós.

Deus é também Deus de detalhes.

Por isso está registrado em Tiago 1:22: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.

Um grande e saudoso abraço de sua amiga e irmã em Cristo

Lavínia.