quinta-feira, junho 23, 2005

Uma questão de justiça

"Não matarás. Não roubarás. Não darás falso testemunho".
Êxodo 20: 13,15,16

Esses dias Deus tem falado constantemente sobre justiça ao nosso coração. Normalmente os cristãos interpretam a questão de justiça como uma questão pessoal, uma questão onde Deus deve fazer justiça ao seu povo, justiça a um povo perseguido, desprezado, humilhado.
Mas o profeta Isaías já nos alertava no capítulo 55 que os pensamentos do Senhor não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus caminhos. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os pensamentos do Senhor e os seus caminhos da mesma forma.
Em toda a sua palavra o Senhor vai reforçando que seu amor ultrapassa o nosso entendimento, que Ele não se agrada que nenhum homem se perca mas que todos eles sejam salvos e que foi por isso que mandou seu Filho morrer por nós, porque Ele é justo. Deus queria nos dar uma chance, afinal nós não escolhemos nascer com o pecado no nosso sangue, nós não escolhemos nascer distantes Dele, nem do seu amor.
Ele fez isso porque era, é e sempre será justo.

Não sei até que ponto os irmãos conhecem os costumes judaicos, mas por uma infinita misericórdia o Senhor permitiu que eu estudasse com eles a lei e há muitas coisas que seus filhos, sejam pastores, sejam ovelhas não sabem e deveriam procurar saber, deveriam procurar buscar, estudar, de maneira que aprendamos como disse o Apóstolo Paulo que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente (Tito 2:12).
Eles criam que a lei deve ser adaptada segundo o tempo em que vivemos para que possamos praticá-la segundo a justiça de Deus, porque as leis eram consideradas não como leis de rituais e oração, eram leis que regiam a maneira de viver. Leis e regras que deveriam ajudar a sociedade judaica a funcionar. Porque nós sabemos que é impossível viver numa sociedade na qual o roubo, o assassinato, a calúnia são tolerados e aceitos. Deus não queria isso no meio do seu povo, isso era o que existia no meio daqueles que serviam a outros deuses.
Hoje nós vivemos numa sociedade muito mais complexa, mas a mentalidade do homem não mudou ou mudou muito pouco e nesse sentido a Palavra de Deus se renova a cada dia, Deus sabia que a humanidade ia "piorar" moralmente, ia deteriorar perdendo seus valores éticos. Hoje nós sabemos que quando grandes segmentos da nossa população não tem alimento suficiente, nem roupa, nem moradia, isso também é uma forma de assassinato, quando olhamos fotos ou vemos no jornal à noite, as crianças da Nigéria, do Afeganistão, as vítimas do Tsunami nos compadecemos porque sabemos que se não houver ajuda desses elementos essenciais eles estarão condenados à morte e nós seremos cúmplices desse ato, pela nossa omissão.
Quando impedimos que alguém necessitado ou de uma minoria com pouca representação leve seu protesto ao tribunal e apresente uma queixa legítima, também é uma maneira de dar falso testemunho, porque estamos negando a verdade e aceitando a mentira. Quando ensinamos aos nossos jovens que parem de ouvir a voz de sua consciência questionadora e os forçamos a aceitar a vontade da maioria porque este é costume vigente, então estamos estabelecendo um outro deus, chamado sistema.
O que estou querendo dizer é que a função da Igreja é mostrar ao mundo um caminho diferente do que ele já conhece. Meu professor de teologia costuma falar constantemente sobre uma característica marcante de Cristo, que Ele andava na contramão! Jesus desafiou os costumes de sua época, os costumes que desprezavam os menos favorecidos, os mais pobres, os que não faziam parte das classes dominantes, desprezavam o sexo mais frágil, os que não sentavam nas cadeiras principais das sinagogas, os que não tinham o status de vitoriosos...

Jesus não se calou, não aceitou as regras vigentes, a sua regra era a regra vinda do céu. A regra que Deus pai tinha estabelecido: amai-vos uns aos outros como a si mesmos. Regras que foram repetidas e ensinadas pelos apóstolos,"lembrai-vos dos presos como se estivésseis presos com eles e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo" (Hebreus 13:3). "Quem pois, tiver bens do mundo e vendo os eu irmão necessitado lhe fechar o coração, como permanece nele o amor de Deus?" (I João 3:17). "Mas não esqueçais de fazer o bem e de repartir com os outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hebreus 13:16)."Aquele pois, que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado." (Tiago 4:17).
Deus é deus sobre todas as coisas, nós vivemos neste mundo, mas não devemos agir como o mundo age. O mundo divide os povos entre ricos e pobres, em classes sociais, em quem tem estudo e quem não tem, em partidos de direita e de esquerda, valoriza a aparência e despreza a essência. E infelizmente muitos cristãos fazem o mesmo. Tem o ranço do conservadorismo dentro do seu coração, lutam por manter os ideais e valores da sociedade e se esquecem dos ideais e valores de Deus, amando mais o presente século como Demas que abandonou a Paulo o fêz.
Nós sabemos que Deus levantou e concedeu poder durante a história a homens que sequer eram judeus para poder beneficiar os seus, homens que não eram nascidos judeus, mas eram mais justos que o seu próprio povo.
Portanto meus irmãos, sejamos luz neste mundo, sal da terra, exemplo de justiça e amor de Deus para que todo aquele que for necessitado saiba onde buscar, deixemos de ser ouvintes e sejamos praticantes da palavra de Deus.

Passemos a amar com atitudes e não com palavras, amemos não com amor fingido que gera esmola para ser visto pelos homens, mas amor verdadeiro, que gera vidas com dignidade, que nos devolve a dignidade, como Cristo fez.

Deus os abençõe em nome de Jesus.

Lavinia Nalin